ROTA COMANDO: EQUIPE DA ROTA MATOU SEIS EM TRÊS DIAS, DIZ CORREGEDORIA DA PM
A equipe do cabo Renato Aparecido Russo deixou um rastro de seis mortes, na primeira onda de ataques do Primeiro Comando da Capital (PCC) no Estado. A cada noite, entre 13 e 15 de maio, a equipe dele matou duas pessoas, sempre alegando legítima defesa. Os casos ocorreram em Guarulhos e Poá, na Grande São Paulo.
A Corregedoria da Polícia Militar (PM) concluiu uma apuração e remeteu as provas ao Ministério Público Estadual (MPE). “Devo denunciar os acusados”, disse o promotor Marcelo Alexandre Oliveira. Suspeita-se que os PMs aproveitaram-se dos atentados para execuções.
Em Poá, o cabo Russo, o tenente Francisco Carlos Laroca Junior e o soldado Marco Antônio Pinheiro - todos sob investigação - contaram com a ajuda de dois outros soldados para matarem dois homens, em um suposto tiroteio, às 23h50 do dia 14, na Rodovia Henrique Eroles.
Entre as vítimas estava um presidiário que saíra da cadeia para visitar a mãe: Luiz Carlos Brito, de 49 anos, que cumpria pena na Penitenciária de Getulina - o outro homem não foi identificado. Eles foram acusados de usar um Stilo para atirar em policiais de Poá. Após os tiros, surgiu a equipe da Rota.
Contam os PMs, que dois homens fugiram no carro e deixaram dois amigos para trás, que acabaram mortos. Suspeita-se que policiais estivessem no Stilo e tenham forjado o ataque.
No dia 15, em Guarulhos, Russo participou com outros policiais das mortes de Jardel de Oliveira, de 17 anos, e de Edson Oliveira, de 25. Um havia saído da Febem em liberdade assistida e outro carregava alvará de soltura. Eles não se conheciam.
Todas as mortes envolvendo a equipe do cabo estão sob apuração, depois que a corregedoria obteve provas de que José Felix Ramalho, de 44 anos, e Jefferson Morgado Brito, de 32, foram executados. Uma testemunha viu a prisão de Ramalho na Praça da República, no centro, e reconheceu o cabo - é ali que a maioria das vítimas teria sido detida.
Além disso, os suspeitos não sabiam dirigir, mas, segundo os policiais, estavam fugindo num Audi roubado. A perícia constatou que as armas que os policiais disseram ter apreendido com os acusados não foram disparadas. Desconfia-se que o cabo Russo tenha telefonado a um sargento do 15º Batalhão e pedido a ele que arrumasse alguém que prestasse uma falsa queixa de roubo de seu carro - assim o veículo poderia ser usado para justificar a falsa perseguição e tiroteio.
Esse modo de agir teria sido usado por outros PMs da Rota no dia 15 de maio, de novo em Poá e na Rodovia Enrique Eroles, em que a equipe do cabo Russo matara dois homens 24 horas antes. Os policiais afirmaram ter surpreendido dois suspeitos em um Palio roubado, que entraram num posto de gasolina, atiraram e foram mortos.
A suspeita nesse caso é de que o carro supostamente roubado tenha sido entregue aos policiais pelo dono, para que a ocorrência fosse arredondada. O proprietário seria um ex-PM, que teria ajudado os policiais em outros casos. Quando o tiroteio foi encenado, os suspeitos já estavam mortos.
Oficiais do quartel do Comando Geral da PM estão preocupados com o desenrolar das investigações sobre a Rota. O que aflige os oficiais é o reflexo do caso sobre o moral da tropa. Russo, Laroca, Pinheiro e o soldado Alexandre Lima Costa, envolvidos no caso do Audi, foram afastados do policiamento.


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